(5 de maio de 1858)
Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar trabalhadores. Ora, ele
viu dois homens do povo que estavam sentados de braços cruzados. Foi a um deles e o
abordou dizendo: "Que fazes tu aqui?" e este tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele
que procurava trabalhadores lhe disse: "Tome tua enxada, e vá para o meu campo, sobre a
vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e revólveres o solo até que a noite
chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom salário." E o homem do povo carregou a enxada
sobre os ombros, agradecendo-lho em seu coração.
O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e se aproximou dizendo:
"Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso campo;" e o senhor tendo dito a ambos
para segui-lo, caminhou adiante para lhes mostrar o caminho. Depois, quando chegaram à
beira da colina, dividiu a obra em duas partes e se foi dali.
Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia contratado, primeiramente pôs fogo
nas urzes do lote que lhe coube em partilha, e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada.
O suor jorrou do seu rosto sob o ardor do sol. O outro o imitou primeiro murmurando, mas se
cansou cedo do seu trabalho, e cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu
companheiro trabalhar.
Ora, o senhor do campo veio perto da noite, e examinou a obra realizada, e tendo chamado a
ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo: "Trabalhaste bem; eis teu salário," e lhe
deu uma peça de prata, despedindo-o. O outro trabalhador se aproximou também e reclamou
o preço de sua jornada; mas o senhor lhe disse: "Mau trabalhador, meu pão não acalmará
tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia confiado;" não é justo
que aquele que nada fez seja recompensado como aquele que trabalhou bem; e o mandou
embora sem nada lhe dar.
Eu vos digo, a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que
consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Ora, aquele
cujas mãos sejam desocupadas e o espírito ocioso será punido, e deverá recomeçar sua
tarefa.
Eu vos digo, em verdade, sua vida será lançada de lado como uma coisa que não foi boa em
nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei isto por uma comparação. Qual
A preguiça dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que não produz bons frutos, não dirá ao seu servidor cortai essa árvore e lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do
mesmo modo que essa árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será
posta de lado porque terá sido estéril em boas obras.
(Texto extraído da Revista Espírita, junho de 1858)